quinta-feira, 21 de julho de 2011


Antonello de Messina
São Jerônimo no seu estúdio, 1475-6, óleo sobre madeira, 46 x 36,5 cm. National Gallery de Londres – Inglaterra



Em meu estúdio, as ideias precisam ser claras e lúcidas tal qual meu trabalho. A escrivaninha é reposicionada constantemente a cada nova badalada do sino da Igreja. É necessário aproveitar toda a claridade do dia que o Senhor nos oferece.
Estes manuscritos devem ser entregues com perfeição para a posteridade. Todo cuidado parece insuficiente diante da importância desta tarefa. Minha precisão precisa alcançar a postura adequada de um bom cristão, sempre inclinado na tarefa de doação. Doação de todo e qualquer tempo que esta vida me proporcione.
Da tinta em minha pena, posso formar as letras que viajarão por bibliotecas e monastérios levando A Verdade que transformará o mundo bárbaro.
Leio e releio os textos, incessantemente, para que nenhum detalhe seja esquecido. Lembrar é fundamental. A memória é a condição primeira para a realização desta missão e, também, sua finalidade.
A janela, agora, está entreaberta. Além da luz que me inspira, a solidão me acompanha neste isolamento eterno que só as palavras permitem.
L.O.

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