quinta-feira, 21 de julho de 2011

Entre o anseio de escrever e obstáculos.

Havia ainda naquela grande sala alguns raios de sol entrando entre as telhas. Eu estava lá, sentado em um móvel frio e olhando ao meu redor. Inspirações insistiam em surgir. Não podia calá-las, assim como lutar apenas com as armas oferecidas. Ao alcance das mãos, os instrumentos de batalha: pergaminho, tinta e a mente. Foi quando abri o pergaminho e agradeci em voz alta por tê-los. Era o estamento social no qual eu ocupava que me permitia o acesso a tais materiais tão restritos. 
Então, comecei a expressar-me escrevendo, mesmo sem a possibilidade do esboço. Largava alguns parágrafos, a tinta acabava rápido por demais. A impossibilidade de errar deixava-me tenso. Dividia a vontade de escrever com toda a dificuldade presente. Na superfície deslizavam as palavras, isto é, faltava a dureza necessária para o sentido que queria dar ao texto. Como poderia grafar com a complexidade dos meus pensamentos, sem a qualidade de apagar as letras que já não coubessem mais na prosa? E começar tudo outra vez seria doloroso para o punho, vistas e cabeça... E o tempo? O tempo não esperaria o recomeço – como mal esperou o entardecer e tratou de escurecer. As telhas escureceram junto, perderam o tom laranja que iluminava o ambiente. A falta da luz só apagou as ideias (agora demoravam a surgir). Quando a iluminação faltou por total, a ânsia do momento cegou o que pouco já se via. Cessou também, assim, o meu ânimo em escrever...

Por: Bruno Guilherme Fonseca.

(Primeira proposta)

Nenhum comentário:

Postar um comentário